sábado, 29 de março de 2014

Amigos Livros


Levante a mão quem aprendeu o alfabeto através de música! Defendo que é uma das melhores maneiras de ensinar crianças: brincado e deixando que elas se divirtam. E eu me diverti tanto que me tornei amante das letras, da leitura, dos livros! Ler, pra mim, só traz benefícios: conhecimento, estímulo à imaginação, aprimora o vocabulário, relaxa e os livros são ótimas companhias.
É lamentável que haja tantas pessoas que não gostam de ler, inclusive não veem a menor graça em abrir um livro, mesmo que seja fininho, e ler/viver aquela história até o fim. Penso que pode ser da natureza de cada um gostar ou não de ler, mas também creio que o estímulo é muito importante, tanto em casa quanto na escola. Geralmente, quando os pais tem o hábito de ler e fazem questão de transmitir isso aos filhos, há grandes chances dos filhos se interessarem pela leitura. Meu pai não era um homem estudado, nem completou o 1º grau, mas vivia com livros pra lá e pra cá. E os vendia. Sim, ele era vendedor de enciclopédias e coleções. Uma delas marcou a minha infância: O Mundo da Criança. Conheci obras e autores importantes através dela. Hoje essa coleção é uma publicação multimídia “para atender as expectativas das crianças do século XXI”. Que expectativas são essas? Será que as crianças do século XXI já nascem ansiando por uma vida virtual? Não entendi isso. Outra coleção não menos importante como estímulo à leitura foi Para Gostar de Ler.
O meu lamento em relação a quem não lê ou lê raramente aumenta quando vejo tantas pessoas com curso superior completo que não redigem um texto e/ou não falam duas frases sem erros grotescos de grafia, concordância, regência. É doído, triste conviver com isso. E é real. Eu tento, oportunamente, estimular aqueles que convivem comigo a ler, sempre. Mas não é fácil fazer brotar esse hábito em quem cresceu pensando que livros não fazem diferença na vida de ninguém. Ainda assim, persisto.
Não pensem vocês que sou uma leitora compulsiva. Não sou. Tenho enorme prazer em ler e não fico longe dos livros, porém sou comedida. E minha grande torcida é para que esses tais livros virtuais não consigam substituir os livros de prateleira. Adoro ir à livraria escolher o meu livro no meio de tantos outros, ficar com vontade de comprar vários ou de voltar pra comprar outros pelos quais me interessei naquele momento. E o cheirinho de livro novo!? E os marcadores de livro!? E ganhar um livro com dizeres carinhosos na primeira página!?
Quero livros enquanto viver, como amigos! Para que eu aprenda, evolua, imagine mais e sempre!

Levante a mão quem tem amigos livros! 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Convite


Se me amas, toma este anel e vem
Viver maravilhas e mazelas só nossas;
Decorar meus defeitos e encantos;
Toma o amor que te tenho e vem
Mostrar o seu, juntar ao meu;
Profetizar alegrias e lamentos;
Toma este beijo e vem
Celebrar no corpo o que sobra n’alma;
Transpirar labaredas e tormentos;
Toma fôlego, toma este anel e vem depressa!
Amar, fartar de amar e perdurar!
Vem!

Poesia escrita em 25/08/12

segunda-feira, 17 de março de 2014

Poesias que ouço – “Ora (direis) ouvir estrelas!”


Elas (as poesias) encantam-me de muitas formas. Sou tomada pela emoção tanto ao ler belos versos quanto ao ouvi-los declamados ou cantados. Convenhamos, uma bela declamação é nada mais nada menos que arrebatadora! Por viver esse prazer de ouvir poesias é que lanço a série POESIAS QUE OUÇO na qual nós leremos e ouviremos belas poesias declamadas e musicadas. Esteja à vontade para escolher a forma que mais te emociona!
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, este será o poeta da estreia da série. Poeta carioca, parnasianista, Bilac era também jornalista, é o autor da letra do Hino da Bandeira e tinha paixão pela língua portuguesa.
Além do Hino, uma das obras mais populares de Bilac foi cantada. Trata-se do Soneto XIII da obra Via Láctea:

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Os versos foram interpretados por Paula Toller, no Kid Abelha.


E também foram declamados por Paulo Autran.


Este soneto é adorável! É evidente que converso com as estrelas, tanto nos meus momentos poetisa quanto nos meus momentos Angélica. Conversar com as estrelas não é só privilégio e prática de poetas (que são socialmente aceitos em seus excessos), mas de quem sente, sempre ou ocasionalmente, que faz parte de uma realidade além da palpável, que respira melhor quando conversa com as estrelas, que gargalha e se emociona com a beleza e a simplicidade do céu.

Ouço poesias e ouço estrelas!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Telefones inteligentes ou drogas lícitas?


Telefone celular ou telemóvel é um aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas que permite a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células (daí a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor. Este objeto descrito na Wikipédia é aquele que todos utilizavam para fazer e receber ligações. É aquele que todos usavam como telefone. Eis que, décadas depois, o telefone celular passou de objeto de comunicação para objeto de estimação. Ou seria de adoração? Ou de entretenimento? Ou uma droga lícita?
Jogos, internet, whatsapp e outros zilhões de recursos dos ditos telefones inteligentes levam muitas pessoas a criar o seu próprio planeta e viver nele (com e tão somente acompanhada de seu IPhone ou similar) sem lembrar-se do outro ou até de si mesmo. Acredito, com sinceridade, que a estima ou a adoração de muitos vai muito além dos limites do entretenimento que os celulares inteligentes proporcionam. O que se vê nas ruas, nos escritórios, nas residências, é VÍCIO. Pessoas que não se desgrudam do celular para executar as tarefas mais simples do dia a dia, como ir ao banheiro, por exemplo. E não adianta fazer essa cara de “ah, isso não”. Ah, isso sim, acontece e mais do que se pode imaginar. Além dessa bizarrice, há outras cenas bem comuns protagonizadas pelos ditos “inteligentes” e seus portadores. Falar ao celular e/ou acessar a internet através dele, checar o whatsapp é tão, mas tão necessário, importante e inevitável que o local ou situação não representam barreiras: atravessar a rua, de pé no ônibus ou no metrô, dirigindo, sentado em um boteco com um amigo ou um par, na cama sozinho ou acompanhado, nas salas de aula, nas reuniões de trabalho, enfim, onde tenha sinal de celular, seja em uma situação apropriada ou não. E existe algum lugar no mundo onde não tenha sinal? Graças a Deus sim, e esses, para mim, são lugares santos, onde se pode descansar e evitar essas cenas grotescas diárias. Fiquei espantada, dia desses, quando passei por um veículo com um casal dentro. Imaginei que estivessem conversando ou se pegando, pelo menos. Mas estavam, cada qual, cutucando o seu bichinho de estimação “inteligente”, sem nenhum olhar para o outro, nenhum carinho...que nojo! E nessa situação de vício, assim como na bebida, maconha ou cocaína, o viciado não enxerga a situação e se afunda cada dia mais na sua fonte de prazer. E é muito fácil detectar os viciados http://lista10.org/humor/10-sinais-de-que-voce-esta-viciado-em-celular/ . E isso vai além do humor.
Sim, eu tenho celular, mas não tenho acesso à internet nele e nem quero. Não preciso de tamanha alienação. Recuso-me a fazer parte do exército que não se desconecta nunca, que sofre de abstinência se ficar 2 horas sem o telefone, que fotografa e compartilha tudo (todo amor e toda dor), que carrega a vida no celular.
Talvez, daqui a 10 anos, a realidade esteja pior. A tecnologia dos celulares só avança e vicia cada dia mais. Tenho a esperança, ou a ilusão, de que se podem fortalecer as relações, desacelerar a rotina, viver as situações uma a uma. Que o dia o Movimento Slow!
Proponho um desafio: você aí, viciado, fique, pelo menos, quinze dias sem o seu bichinho de estimação inteligente. Durante esse período, relembre os bons tempos e ressuscite seu velho Nokia 1600 ou 1100. Já pensou que delícia ficar sem ouvir os sons de notificações o dia inteiro!? Faça isso e depois me conte como foi!
Hã? Está com medo? Coragem! Você consegue existir sem ele!

sábado, 8 de março de 2014

Silêncio


Falar o quê?
Olha-me profundo.
Aqui está tudo,
Todo amor,
Desamor. Tudo!

Palavra limita, mascara,
Indefine.
Olha-me profundo.
Ouve meu silêncio.
Ele é tudo.
Todas as respostas.

Falo tanto quando calo.
De mim, de ti, do céu.
Devaneios, fantasias.
Sorrio, calada.

Cala-te!
Descansa,
Pensa.
Cerra os olhos,
Sente.
O cheiro, a chuva,
A relva, o vento, o frio bom.

Junta-te ao silêncio.
Abusa dele e volta.
Em paz, com paz
Epidêmica.
Olha-me profundo,
Sem mais poréns.



Poesia escrita em 25/10/08

quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu presente


Sim, eu gosto de aniversário, do meu principalmente. Embora não divulgue a data aos quatro ventos, é um dia importante para mim! O número é bonito, vejam: cinco. É lindo! E cheio de significado: união; centro da harmonia e do equilíbrio, princípio da vida, número transformador; perfeição; os sentidos – cinco -, as extremidades do homem – cinco. Por favor, não remetam a mim esses significados para evitarmos grandes decepções!
Hoje, fechando mais uma década, presenteio-me com este blog, espaço para expressar meus pensamentos sobre o mundo, escrever (que amo tanto), poetizar e provocar mudanças, ideias e sentimentos nos leitores.
Nem me lembro de quando comecei a escrever. Criava uns versos, dizia que era música, e começava a cantar para o meu pai. E ele, para minha felicidade, gostava! Ainda que fosse uma porcaria, eu acreditei que era bom e persisti. Escrevi cadernos inteiros de textos fantasiosos, histórias loucas que eu inventava. Entre uma e outra, uma poesia. E, essas sim, sempre foram a minha maior paixão. Não sou poetisa. Tais criaturas vivem disso e eu, assim como Clarice Lispector, escrevo quando tenho inspiração, quando quero.
Blog não é, propriamente, uma novidade pra mim. Já fui blogueira, junto com um seleto grupo de mulheres fantásticas (http://www.drepente30.blogspot.com.br/), e as sigo até hoje, com alegria e certeza de ler textos excelentes.
Agora a aventura é solo. Não farei deste endereço o “meu querido diário”, não. Aqui não será o meu confessionário. Inevitavelmente falarei de mim e do que me rodeia, porém sem “detalhes tão pequenos”. Divertir-me-ei por aqui! E espero ter companhia nessa diversão!
Hoje é só comemoração: de aniversário e desse novo espaço. Tchu, obrigada por insistir nessa idéia!
Que seja bom! Sendo bom, que perdure!
E, pra começar, poesia. Minha, que fiz pra mim...de presente!

TRADUÇÃO

Tens beleza pura,
Nua, livre, limpa.
Tens clareza farta,
Súbita, intensa, impávida.
Tens palavra,
Verso, estrofe, poesia.
Tens voz de calar,
Falar só, cantar, ciciar.
Tens olhos.
Tens olhos nos olhos.
Tens riso nos olhos.
Voz de calar, nos olhos.
Tens nome celeste,
Perfume de flor, instinto de anjo.
Tens mais,
Em sânscrito, em Antares.
Tens todo sentido,
além dos sentidos.