domingo, 24 de agosto de 2014

Viajar -substantivos, adjetivos e devaneios


Viajar...
Sair por aí, sem destino, com ele, com muitos deles.
Viajar é correr pra longe das obrigações, fugir da rotina, inspirar outro ar, aventurar-se, arriscar-se, emocionar-se, querer ficar, querer voltar.
Conhecer outra gente, outro cheiro, cenários, os bichos, os sons, sotaques, sabores.
Viajar: sonho, poesia, liberdade, alívio, recompensa, solidão, desapego, laços, coragem, feliz, eufórico, curioso, louco, paciente, simpático, contemplativo, entregue.
E viajar merece poesia sim...

ESQUINAS

Deixar meu canto.
Buscar esquinas. Quietas. Encantadas.
O paraíso.
Olhar amante em cada estrada, cada céu, cada mar e monte.
Cada um.
Todo causo da bela esquina.
Plantar lá semente de mim.
Sepultar lá tudo que, em mim, dói e cansa.
Voltar?
Pro canto, cantando paraíso.
Até o lamento voltar pro canto.
E eu regressar àquela esquina.
E descobrir ainda outra e outra.
E multiplicar o paraíso!


Angel – 27/07/14


E merece fotos: mesmo lugar, olhares coloridos.




sábado, 5 de julho de 2014

Beleza é sentimento


Afinal, em que consiste a beleza? O seu conceito, nas mais variadas fontes, leva-me sempre à velha frase “a beleza está nos olhos de quem vê”. Sim, a beleza é uma experiência subjetiva. É belo o que é agradável à vista do observador ou o cativa. Sem dúvida, o que é belo pra mim pode não o ser para você, leitor.
E quanto tempo dura a beleza das pessoas? Tem limite? Tem relação com a idade? Por que a beleza é uma cobrança social? As rugas são inimigas da beleza?
A relação das mulheres com a beleza é bem estreita. Todas querem ser ou parecer bonitas em algum momento da vida. Arrisco até dizer que não são educadas para lidar com situações que limitem a beleza (uns quilinhos a mais, uma ou outra ruga, flacidez).
Os programas de TV segmentados às mulheres sempre abordam a beleza. O Superbonita, do canal GNT é, possivelmente, o mais voltado para esse tema. O nome sugestivo do programa já atrai muitas mulheres. Eu mesma assisto com frequência a matérias muito interessantes. Recentemente, assisti sobre rugas e flacidez. Sempre são apresentadas as causas, as formas de evitar e os tratamentos que amenizam os efeitos. Porém, refletindo sobre rugas e flacidez, pergunto-me: há formas de fugir disso? Sim. Falecendo. A morte precoce evita os dissabores de ver as rugas e a flacidez no espelho. E então, a morte ou a naturalidade do tempo? Sim, as rugas e flacidez virão, inevitavelmente. Que dor é essa que o tempo traz às mulheres? Será medo?
Até entendo que as mulheres que trabalham com a própria imagem utilizem ativamente os recursos do mercado para amenizar os efeitos do tempo, afinal é o objeto de trabalho. Mas mulheres comuns como eu têm feito cada vez mais tratamentos estéticos para parecer mais jovens, e, aos olhos delas, mais bonitas.
Beleza = juventude?
Os tratamentos e produtos que prometem rejuvenescimento vão muito bem, obrigada! E são caros, em sua maioria. E multiplicar-se-ão enquanto beleza for produto na TV, na internet, nas ruas.
Aquele medo questionado acima pode ser o medo de ser trocada por dois exemplares de 20 anos?
Francamente, não trocaria meus cabelos brancos, minhas rugas e minha flacidez para voltar aos 20 anos! Mil vezes não! Nem a pau!

Minha beleza está nos seus olhos, observador! E se você não a vê, vejo eu!

sábado, 17 de maio de 2014

FILOSOFIA DE AMOR E SEXO


Juntos ou separados, Amor e Sexo estão em nossas vidas permeando nossas relações de família, amigos e as muito e mais íntimas relações de casal. Tenho filosofado muito a respeito e ganhado boas companhias para filosofar também. Hoje é dia de provocação, leitor. Serão mais perguntas que afirmações. E você tem respostas?
Não ouso colocar em discussão amor de pais e filhos. Talvez esse seja o único amor que não se discute, ele existe e pronto, salvo raríssimos casos. E existe forte, pleno, incansável, independente de afinidades, na maioria gritante das relações.
Já o amor fraterno tem lá as suas variáveis. Ele existe sim, porém a afinidade tem papel fundamental na força e na intimidade que brota desse amor.
E o que dizer do amor entre amigos? É o amor sem sexo, sem atração física? Possivelmente sim. E pode até ser um amor comparado a um encontro de almas gêmeas, tamanha a afinidade e sintonia. A velha máxima que diz não existir amizade entre homem e mulher procede? E pode nascer uma atração física numa relação de amizade? E nasce amizade após um encontro físico sem amor?
O que vem primeiro, o Amor ou o Sexo? Um existe sem o outro? Um suporta a ausência do outro? Existe o “grande Amor”? Amor eterno? O que seria exatamente “casar por amor”? Existe prazo de validade para o tesão ou o amor? O que diferencia o amor que sinto pelo meu amigo do amor que sinto pelo meu parceiro, namorado, marido? O sexo? Se sim, nas fases em que o tesão está adormecido no relacionamento, certamente ainda existe amor. Se existe amor, a relação perdura. Perdura? E se, sem tesão no relacionamento, uma traição ocorrer por sexo? É falta de amor? É falta de respeito? É falta de uma afinidade que resgate o tesão adormecido? É motivo para o fim de um relacionamento? Se sim, o que une um casal, o amor ou o sexo?
Está em dúvida? Ótimo! As dúvidas nos fazem pensar e evoluir. E hoje é dia de provocação e filosofia. Respostas!?

domingo, 11 de maio de 2014

JURAS DA NOITE


Brota a noite,
Inteira nossa, ciente de nós.
Noite jurou muito estrelar ao
Brindar nosso encontro,
Rir dos pensamentos pares,
Festejar os ímpares, as risadas.
E jurou não findar ao som dos devaneios,
Ou de alguma cantoria.
Jurou ser cúmplice e noite até que os olhos se leiam,
As palavras se misturem ao desejo.
Até que, de tão juntos na noite, única sombra se veja.
Jurou-se real.
Jurou voltar e voltar e voltar.


Escrita em 10/5/14

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Poesias que ouço – “Sonetos” – Vinicius de Moraes


O Poetinha é minha referência. Conquistou-me desde “A Arca de Noé”. E como eu adorava ouvir esse disco, as poesias de Vinicius e Toquinho!
O legado de Vinicius é gigantesco! Poeta, compositor, autor, crítico de cinema, Vinicius foi muito além da poesia e, além do amigo Toquinho, contou com renomados parceiros durante a vida: Tom Jobim, Baden Powell, Carlos Lira, Francis Hime, Edu Lobo, Maria Creusa, Haroldo e Paulo Tapajós, entre muitas outras feras.
Em 1957 é publicada a primeira edição do Livro de Sonetos, grande clássico de Vinícius. E muitos desses sonetos foram declamados incansavelmente, em áudio e vídeo.
É torturante dizer que gosto mais de um ou outro. Escolhi alguns de meus preferidos em letra e som.

SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


SONETO DE FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto


De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama


De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente




Vinícius é um vício meu! Será pauta e paixão eternas!

domingo, 13 de abril de 2014

Preconceitos e estereótipos – mulheres em foco.


De carona em fatos recentes (ação de encoxadores, divulgação desastrosa de pesquisa do IPEA), borbulham os preconceitos e estereótipos em relação a nós, mulheres. Sim, eles diminuíram (um tantinho só), mas continuam sendo o sustentáculo da educação de muitas famílias, o exemplo que os pais escolhem e praticam para que seus filhos sigam. Não, isso não é um discurso feminista, é quase uma Ode à liberdade, à expressão “Viva e deixe viver”. É tão trabalhoso assim questionar o que nos ensinam e o nosso próprio discurso? Ou é somente uma forma mais cômoda de viver?
Lidamos com as várias formas de preconceito e estereótipos ligados à realidade feminina:
  • isso não é serviço de mulher – jura que eu não posso trocar pneu?
  • existe mulher pra casar e mulher pra transar – talvez o mais tacanho dos preconceitos.
  • qualquer mulher solteira (leia-se sem namorado), em  sintomas de mau humor, tristeza ou afim, é por falta de homem – esse é de vomitar!
  • a roupa que uma mulher veste faz dela santa ou vagabunda
  • se a mulher é simpática no primeiro encontro, ela está dando trela – certamente quer fazer sexo com o cidadão para o qual ela está sorrindo.
  • não existe amizade entre homem e mulher.
  • mulher tem de ser mãe.

Muitas das estranhas teorias milenares ligadas à mulher passam pela sua sexualidade, pela sua vida íntima. É assim: mulheres, temos aqui X estereótipos. Com certeza você se encaixa perfeitamente em um deles. Caso contrário, você não existe, não é um ser classificado socialmente. Será que os crentes e praticantes dessas teorias (talvez, sim, muitos de nós) lembram-se de que as pessoas, homens ou mulheres, são seres únicos, cada qual com suas preferências, sua personalidade, seus desejos? Que as aparências são aparências e só? Julgar é muito fácil, muito prático.
Questionar: verbo lindo! Questionar é abrir a porta da liberdade de expressão, de pensamento. Por que devemos viver com base em moldes? Por que devemos aceitar que somos um exército de criaturas que pensa e age igualzinho?
Que sempre existam perguntas! Que sempre haja mudança!
Que a minha individualidade feminina não tire o seu sono!

domingo, 6 de abril de 2014

Poesias que ouço – “O Sempre Amor”


Adélia é inspiradora, simples. Nascida em Divinópolis, Minas Gerais, Adélia Prado formou-se em Filosofia e teve o auxílio precioso de Carlos Drummond de Andrade para lançar seu primeiro livro, Bagagem, em 1976. Daí em diante o sucesso foi inevitável.
O Sempre Amor é um CD, gravado em 2001 e 2002, com poesias de Adélia, declamadas por ela. A obra conta com a participação da Orquestra de Câmara do Sesiminas e trilha sonora de Mauro Rodrigues.
Assim que tomei conhecimento da existência de tal CD, minhas anteninhas poéticas ficaram frenéticas. O problema foi achá-lo. Procurei até me cansar, mas não desisti. Dois anos atrás, com o advento da “listinha do bem” (lista de sugestões de presentes de aniversário que fiz para os amigos pararem de reclamar que sou chata e difícil de agradar), sugeri esse CD da Adélia Prado. Não é que ganhei o bendito! Quem tem amigos não morre desejando um presente difícil! E quem tem uma amiga-irmã-alma gêmea ganha o CD “O sempre Amor”! E o meu veio com o amor de Adélia e o amor de Fátima! Amém!
Recomendo: ouçam o CD inteiro. É belo ouvir Adélia!
Como aperitivo, seguem duas das belezas de “O Sempre Amor”:

O Sempre Amor
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
Sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
amor é coisa que mais quero.


Para o Zé
Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe — os lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer te amo.
Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba.
Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto:
"Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros".
Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.
Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos.
Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho.
Amo até a barata, quando descubro que assim te amo, o que não queria dizer amo também, o piolho.
Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico, homem meu, particular homem universal.
Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.
Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos, a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles eu beijo.





“Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.” Lindo esse trecho! Curto e poderoso!



Leio, releio, ouço e não me canso!

sábado, 29 de março de 2014

Amigos Livros


Levante a mão quem aprendeu o alfabeto através de música! Defendo que é uma das melhores maneiras de ensinar crianças: brincado e deixando que elas se divirtam. E eu me diverti tanto que me tornei amante das letras, da leitura, dos livros! Ler, pra mim, só traz benefícios: conhecimento, estímulo à imaginação, aprimora o vocabulário, relaxa e os livros são ótimas companhias.
É lamentável que haja tantas pessoas que não gostam de ler, inclusive não veem a menor graça em abrir um livro, mesmo que seja fininho, e ler/viver aquela história até o fim. Penso que pode ser da natureza de cada um gostar ou não de ler, mas também creio que o estímulo é muito importante, tanto em casa quanto na escola. Geralmente, quando os pais tem o hábito de ler e fazem questão de transmitir isso aos filhos, há grandes chances dos filhos se interessarem pela leitura. Meu pai não era um homem estudado, nem completou o 1º grau, mas vivia com livros pra lá e pra cá. E os vendia. Sim, ele era vendedor de enciclopédias e coleções. Uma delas marcou a minha infância: O Mundo da Criança. Conheci obras e autores importantes através dela. Hoje essa coleção é uma publicação multimídia “para atender as expectativas das crianças do século XXI”. Que expectativas são essas? Será que as crianças do século XXI já nascem ansiando por uma vida virtual? Não entendi isso. Outra coleção não menos importante como estímulo à leitura foi Para Gostar de Ler.
O meu lamento em relação a quem não lê ou lê raramente aumenta quando vejo tantas pessoas com curso superior completo que não redigem um texto e/ou não falam duas frases sem erros grotescos de grafia, concordância, regência. É doído, triste conviver com isso. E é real. Eu tento, oportunamente, estimular aqueles que convivem comigo a ler, sempre. Mas não é fácil fazer brotar esse hábito em quem cresceu pensando que livros não fazem diferença na vida de ninguém. Ainda assim, persisto.
Não pensem vocês que sou uma leitora compulsiva. Não sou. Tenho enorme prazer em ler e não fico longe dos livros, porém sou comedida. E minha grande torcida é para que esses tais livros virtuais não consigam substituir os livros de prateleira. Adoro ir à livraria escolher o meu livro no meio de tantos outros, ficar com vontade de comprar vários ou de voltar pra comprar outros pelos quais me interessei naquele momento. E o cheirinho de livro novo!? E os marcadores de livro!? E ganhar um livro com dizeres carinhosos na primeira página!?
Quero livros enquanto viver, como amigos! Para que eu aprenda, evolua, imagine mais e sempre!

Levante a mão quem tem amigos livros! 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Convite


Se me amas, toma este anel e vem
Viver maravilhas e mazelas só nossas;
Decorar meus defeitos e encantos;
Toma o amor que te tenho e vem
Mostrar o seu, juntar ao meu;
Profetizar alegrias e lamentos;
Toma este beijo e vem
Celebrar no corpo o que sobra n’alma;
Transpirar labaredas e tormentos;
Toma fôlego, toma este anel e vem depressa!
Amar, fartar de amar e perdurar!
Vem!

Poesia escrita em 25/08/12

segunda-feira, 17 de março de 2014

Poesias que ouço – “Ora (direis) ouvir estrelas!”


Elas (as poesias) encantam-me de muitas formas. Sou tomada pela emoção tanto ao ler belos versos quanto ao ouvi-los declamados ou cantados. Convenhamos, uma bela declamação é nada mais nada menos que arrebatadora! Por viver esse prazer de ouvir poesias é que lanço a série POESIAS QUE OUÇO na qual nós leremos e ouviremos belas poesias declamadas e musicadas. Esteja à vontade para escolher a forma que mais te emociona!
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, este será o poeta da estreia da série. Poeta carioca, parnasianista, Bilac era também jornalista, é o autor da letra do Hino da Bandeira e tinha paixão pela língua portuguesa.
Além do Hino, uma das obras mais populares de Bilac foi cantada. Trata-se do Soneto XIII da obra Via Láctea:

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Os versos foram interpretados por Paula Toller, no Kid Abelha.


E também foram declamados por Paulo Autran.


Este soneto é adorável! É evidente que converso com as estrelas, tanto nos meus momentos poetisa quanto nos meus momentos Angélica. Conversar com as estrelas não é só privilégio e prática de poetas (que são socialmente aceitos em seus excessos), mas de quem sente, sempre ou ocasionalmente, que faz parte de uma realidade além da palpável, que respira melhor quando conversa com as estrelas, que gargalha e se emociona com a beleza e a simplicidade do céu.

Ouço poesias e ouço estrelas!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Telefones inteligentes ou drogas lícitas?


Telefone celular ou telemóvel é um aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas que permite a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células (daí a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor. Este objeto descrito na Wikipédia é aquele que todos utilizavam para fazer e receber ligações. É aquele que todos usavam como telefone. Eis que, décadas depois, o telefone celular passou de objeto de comunicação para objeto de estimação. Ou seria de adoração? Ou de entretenimento? Ou uma droga lícita?
Jogos, internet, whatsapp e outros zilhões de recursos dos ditos telefones inteligentes levam muitas pessoas a criar o seu próprio planeta e viver nele (com e tão somente acompanhada de seu IPhone ou similar) sem lembrar-se do outro ou até de si mesmo. Acredito, com sinceridade, que a estima ou a adoração de muitos vai muito além dos limites do entretenimento que os celulares inteligentes proporcionam. O que se vê nas ruas, nos escritórios, nas residências, é VÍCIO. Pessoas que não se desgrudam do celular para executar as tarefas mais simples do dia a dia, como ir ao banheiro, por exemplo. E não adianta fazer essa cara de “ah, isso não”. Ah, isso sim, acontece e mais do que se pode imaginar. Além dessa bizarrice, há outras cenas bem comuns protagonizadas pelos ditos “inteligentes” e seus portadores. Falar ao celular e/ou acessar a internet através dele, checar o whatsapp é tão, mas tão necessário, importante e inevitável que o local ou situação não representam barreiras: atravessar a rua, de pé no ônibus ou no metrô, dirigindo, sentado em um boteco com um amigo ou um par, na cama sozinho ou acompanhado, nas salas de aula, nas reuniões de trabalho, enfim, onde tenha sinal de celular, seja em uma situação apropriada ou não. E existe algum lugar no mundo onde não tenha sinal? Graças a Deus sim, e esses, para mim, são lugares santos, onde se pode descansar e evitar essas cenas grotescas diárias. Fiquei espantada, dia desses, quando passei por um veículo com um casal dentro. Imaginei que estivessem conversando ou se pegando, pelo menos. Mas estavam, cada qual, cutucando o seu bichinho de estimação “inteligente”, sem nenhum olhar para o outro, nenhum carinho...que nojo! E nessa situação de vício, assim como na bebida, maconha ou cocaína, o viciado não enxerga a situação e se afunda cada dia mais na sua fonte de prazer. E é muito fácil detectar os viciados http://lista10.org/humor/10-sinais-de-que-voce-esta-viciado-em-celular/ . E isso vai além do humor.
Sim, eu tenho celular, mas não tenho acesso à internet nele e nem quero. Não preciso de tamanha alienação. Recuso-me a fazer parte do exército que não se desconecta nunca, que sofre de abstinência se ficar 2 horas sem o telefone, que fotografa e compartilha tudo (todo amor e toda dor), que carrega a vida no celular.
Talvez, daqui a 10 anos, a realidade esteja pior. A tecnologia dos celulares só avança e vicia cada dia mais. Tenho a esperança, ou a ilusão, de que se podem fortalecer as relações, desacelerar a rotina, viver as situações uma a uma. Que o dia o Movimento Slow!
Proponho um desafio: você aí, viciado, fique, pelo menos, quinze dias sem o seu bichinho de estimação inteligente. Durante esse período, relembre os bons tempos e ressuscite seu velho Nokia 1600 ou 1100. Já pensou que delícia ficar sem ouvir os sons de notificações o dia inteiro!? Faça isso e depois me conte como foi!
Hã? Está com medo? Coragem! Você consegue existir sem ele!

sábado, 8 de março de 2014

Silêncio


Falar o quê?
Olha-me profundo.
Aqui está tudo,
Todo amor,
Desamor. Tudo!

Palavra limita, mascara,
Indefine.
Olha-me profundo.
Ouve meu silêncio.
Ele é tudo.
Todas as respostas.

Falo tanto quando calo.
De mim, de ti, do céu.
Devaneios, fantasias.
Sorrio, calada.

Cala-te!
Descansa,
Pensa.
Cerra os olhos,
Sente.
O cheiro, a chuva,
A relva, o vento, o frio bom.

Junta-te ao silêncio.
Abusa dele e volta.
Em paz, com paz
Epidêmica.
Olha-me profundo,
Sem mais poréns.



Poesia escrita em 25/10/08

quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu presente


Sim, eu gosto de aniversário, do meu principalmente. Embora não divulgue a data aos quatro ventos, é um dia importante para mim! O número é bonito, vejam: cinco. É lindo! E cheio de significado: união; centro da harmonia e do equilíbrio, princípio da vida, número transformador; perfeição; os sentidos – cinco -, as extremidades do homem – cinco. Por favor, não remetam a mim esses significados para evitarmos grandes decepções!
Hoje, fechando mais uma década, presenteio-me com este blog, espaço para expressar meus pensamentos sobre o mundo, escrever (que amo tanto), poetizar e provocar mudanças, ideias e sentimentos nos leitores.
Nem me lembro de quando comecei a escrever. Criava uns versos, dizia que era música, e começava a cantar para o meu pai. E ele, para minha felicidade, gostava! Ainda que fosse uma porcaria, eu acreditei que era bom e persisti. Escrevi cadernos inteiros de textos fantasiosos, histórias loucas que eu inventava. Entre uma e outra, uma poesia. E, essas sim, sempre foram a minha maior paixão. Não sou poetisa. Tais criaturas vivem disso e eu, assim como Clarice Lispector, escrevo quando tenho inspiração, quando quero.
Blog não é, propriamente, uma novidade pra mim. Já fui blogueira, junto com um seleto grupo de mulheres fantásticas (http://www.drepente30.blogspot.com.br/), e as sigo até hoje, com alegria e certeza de ler textos excelentes.
Agora a aventura é solo. Não farei deste endereço o “meu querido diário”, não. Aqui não será o meu confessionário. Inevitavelmente falarei de mim e do que me rodeia, porém sem “detalhes tão pequenos”. Divertir-me-ei por aqui! E espero ter companhia nessa diversão!
Hoje é só comemoração: de aniversário e desse novo espaço. Tchu, obrigada por insistir nessa idéia!
Que seja bom! Sendo bom, que perdure!
E, pra começar, poesia. Minha, que fiz pra mim...de presente!

TRADUÇÃO

Tens beleza pura,
Nua, livre, limpa.
Tens clareza farta,
Súbita, intensa, impávida.
Tens palavra,
Verso, estrofe, poesia.
Tens voz de calar,
Falar só, cantar, ciciar.
Tens olhos.
Tens olhos nos olhos.
Tens riso nos olhos.
Voz de calar, nos olhos.
Tens nome celeste,
Perfume de flor, instinto de anjo.
Tens mais,
Em sânscrito, em Antares.
Tens todo sentido,
além dos sentidos.