quarta-feira, 12 de março de 2014

Telefones inteligentes ou drogas lícitas?


Telefone celular ou telemóvel é um aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas que permite a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células (daí a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor. Este objeto descrito na Wikipédia é aquele que todos utilizavam para fazer e receber ligações. É aquele que todos usavam como telefone. Eis que, décadas depois, o telefone celular passou de objeto de comunicação para objeto de estimação. Ou seria de adoração? Ou de entretenimento? Ou uma droga lícita?
Jogos, internet, whatsapp e outros zilhões de recursos dos ditos telefones inteligentes levam muitas pessoas a criar o seu próprio planeta e viver nele (com e tão somente acompanhada de seu IPhone ou similar) sem lembrar-se do outro ou até de si mesmo. Acredito, com sinceridade, que a estima ou a adoração de muitos vai muito além dos limites do entretenimento que os celulares inteligentes proporcionam. O que se vê nas ruas, nos escritórios, nas residências, é VÍCIO. Pessoas que não se desgrudam do celular para executar as tarefas mais simples do dia a dia, como ir ao banheiro, por exemplo. E não adianta fazer essa cara de “ah, isso não”. Ah, isso sim, acontece e mais do que se pode imaginar. Além dessa bizarrice, há outras cenas bem comuns protagonizadas pelos ditos “inteligentes” e seus portadores. Falar ao celular e/ou acessar a internet através dele, checar o whatsapp é tão, mas tão necessário, importante e inevitável que o local ou situação não representam barreiras: atravessar a rua, de pé no ônibus ou no metrô, dirigindo, sentado em um boteco com um amigo ou um par, na cama sozinho ou acompanhado, nas salas de aula, nas reuniões de trabalho, enfim, onde tenha sinal de celular, seja em uma situação apropriada ou não. E existe algum lugar no mundo onde não tenha sinal? Graças a Deus sim, e esses, para mim, são lugares santos, onde se pode descansar e evitar essas cenas grotescas diárias. Fiquei espantada, dia desses, quando passei por um veículo com um casal dentro. Imaginei que estivessem conversando ou se pegando, pelo menos. Mas estavam, cada qual, cutucando o seu bichinho de estimação “inteligente”, sem nenhum olhar para o outro, nenhum carinho...que nojo! E nessa situação de vício, assim como na bebida, maconha ou cocaína, o viciado não enxerga a situação e se afunda cada dia mais na sua fonte de prazer. E é muito fácil detectar os viciados http://lista10.org/humor/10-sinais-de-que-voce-esta-viciado-em-celular/ . E isso vai além do humor.
Sim, eu tenho celular, mas não tenho acesso à internet nele e nem quero. Não preciso de tamanha alienação. Recuso-me a fazer parte do exército que não se desconecta nunca, que sofre de abstinência se ficar 2 horas sem o telefone, que fotografa e compartilha tudo (todo amor e toda dor), que carrega a vida no celular.
Talvez, daqui a 10 anos, a realidade esteja pior. A tecnologia dos celulares só avança e vicia cada dia mais. Tenho a esperança, ou a ilusão, de que se podem fortalecer as relações, desacelerar a rotina, viver as situações uma a uma. Que o dia o Movimento Slow!
Proponho um desafio: você aí, viciado, fique, pelo menos, quinze dias sem o seu bichinho de estimação inteligente. Durante esse período, relembre os bons tempos e ressuscite seu velho Nokia 1600 ou 1100. Já pensou que delícia ficar sem ouvir os sons de notificações o dia inteiro!? Faça isso e depois me conte como foi!
Hã? Está com medo? Coragem! Você consegue existir sem ele!

3 comentários:

  1. Sucinto e perfeito!

    "E nessa situação de vício, assim como na bebida, maconha ou cocaína, o viciado não enxerga a situação e se afunda cada dia mais na sua fonte de prazer."

    PS. Sim, sou um ser de TI e vivo muito bem com meu Nokia 1100 (com lanterninha, como gosto de frisar!!! kkkkkkkkkk)...

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    1. E essa lanterninha é incontestavelmente útil! Aposto que ele já caiu zilhões de vezes e está funcionando do mesmo jeito...kkkkkkkkk

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