segunda-feira, 17 de março de 2014

Poesias que ouço – “Ora (direis) ouvir estrelas!”


Elas (as poesias) encantam-me de muitas formas. Sou tomada pela emoção tanto ao ler belos versos quanto ao ouvi-los declamados ou cantados. Convenhamos, uma bela declamação é nada mais nada menos que arrebatadora! Por viver esse prazer de ouvir poesias é que lanço a série POESIAS QUE OUÇO na qual nós leremos e ouviremos belas poesias declamadas e musicadas. Esteja à vontade para escolher a forma que mais te emociona!
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, este será o poeta da estreia da série. Poeta carioca, parnasianista, Bilac era também jornalista, é o autor da letra do Hino da Bandeira e tinha paixão pela língua portuguesa.
Além do Hino, uma das obras mais populares de Bilac foi cantada. Trata-se do Soneto XIII da obra Via Láctea:

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Os versos foram interpretados por Paula Toller, no Kid Abelha.


E também foram declamados por Paulo Autran.


Este soneto é adorável! É evidente que converso com as estrelas, tanto nos meus momentos poetisa quanto nos meus momentos Angélica. Conversar com as estrelas não é só privilégio e prática de poetas (que são socialmente aceitos em seus excessos), mas de quem sente, sempre ou ocasionalmente, que faz parte de uma realidade além da palpável, que respira melhor quando conversa com as estrelas, que gargalha e se emociona com a beleza e a simplicidade do céu.

Ouço poesias e ouço estrelas!

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