quinta-feira, 1 de maio de 2014

Poesias que ouço – “Sonetos” – Vinicius de Moraes


O Poetinha é minha referência. Conquistou-me desde “A Arca de Noé”. E como eu adorava ouvir esse disco, as poesias de Vinicius e Toquinho!
O legado de Vinicius é gigantesco! Poeta, compositor, autor, crítico de cinema, Vinicius foi muito além da poesia e, além do amigo Toquinho, contou com renomados parceiros durante a vida: Tom Jobim, Baden Powell, Carlos Lira, Francis Hime, Edu Lobo, Maria Creusa, Haroldo e Paulo Tapajós, entre muitas outras feras.
Em 1957 é publicada a primeira edição do Livro de Sonetos, grande clássico de Vinícius. E muitos desses sonetos foram declamados incansavelmente, em áudio e vídeo.
É torturante dizer que gosto mais de um ou outro. Escolhi alguns de meus preferidos em letra e som.

SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


SONETO DE FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto


De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama


De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente




Vinícius é um vício meu! Será pauta e paixão eternas!

Um comentário:

  1. Aqui em casa as canções com "temas" e "formas" infantis como A CASA tocam muito.

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